O que uma designer de interior de 69 anos e um porteiro, de 56, têm em comum? Os dois, moradores de Belo Horizonte que não se conhecem, não estão conseguindo sequer pagar contas básicas, como água e luz. E decidiram sair às ruas, com cartazes no pescoço, para pedir um emprego.
Eles fazem parte dos quase 15 milhões de desempregados no Brasil atualmente, segundo IBGE. No primeiro semestre de 2021, Minas Gerais registrou um número histórico de quase 1,5 milhão de desempregados, o maior número dos últimos 8 anos. Ou seja, 13 a cada 100 trabalhadores mineiros estão sem emprego.
A designer é Walmira Santos Souza. Todos os dias, há dois meses, ela fica diariamente na avenida que contorna a Lagoa da Pampulha, com um cartaz escrito “S.O.S. Preciso de trabalho”.
Com duas décadas de experiência, ela não é aposentada, apesar da idade. E, além de ser especialista em acabamentos de residências, como ambientes de cozinha, quarto, sala e banheiro, é paisagista.
Walmira conta que ficou cuidando da mãe adoecida por oito anos, até o falecimento dela no final de 2019. Quando começou a procura por emprego, veio a pandemia da Covid-19. A partir disso, as dificuldades aumentaram e se agravaram neste ano.
A designer afirma que, quando está com o cartaz, muitas pessoas a fotografam e tentam ajudá-la, mas o trabalho ainda não apareceu.
‘Pés e mãos amarrados’
“Estou à procura de emprego. Você pode me ajudar? Sou porteiro há 25 anos”. Esses dizeres estão em outro cartaz visto em BH, dessa vez na região Centro-Sul da cidade. Valter Correia da Silva é quem procura trabalho.
Há seis meses, ele perdeu o emprego como fiscal de loja, no Centro de BH, depois que o estabelecimento decidiu dispensar os funcionários diante das incertezas causadas pelas restrições de funcionamento na pandemia.
Valter mora com a mãe, de 82 anos, em Contagem, Região Metropolitana. Por causa da distância, chegou a perder uma entrevista de emprego, na capital, por não ter dinheiro para pagar passagem.
Com informações do g1.