Apontado como mandante do assassinato contra a vereadora Marielle Franco (Psol), em março de 2018, Almir Rogério Gomes da Silva foi preso nesta quarta (28/7). O chefe das milícias da Gardênia Azul e do Morro do Tirol foi detido pela Polícia Civil da Paraíba na cidade de Queimadas (PB). De acordo com informações do site “Congresso em Foco”, a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) conduziu a operação. A cidade está a 140 quilômetros da capital João pessoa.
Outra pessoa também foi presa, mas não há informações sobre ela. A polícia atendeu um pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que investiga o crime contra a vereadora. O motorista Anderson Gomes também morreu na ocasião.
O MP teria chegado ao nome do miliciano a partir de Julia Lotufo, viúva de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope/PMRJ) e chefe da milícia Escritório do Crime.
Adriano morreu em fevereiro do ano passado, durante ação da Polícia Militar da Bahia. Ele foi homenageado pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota/RJ) quando o filho do presidente era deputado estadual.
Porém, a denúncia do MP que levou a polícia da Paraíba a Almir Rogério Gomes da Silva não se refere ao assassinato de Marielle. Mas, sobre outra execução, em outubro de 2020, na Zona Oeste do Rio, segundo o “Congresso em Foco”.
Almir, ao lado de três comparsas, são suspeitos de matar uma pessoa durante uma festa. A vítima teria brigado com a esposa do miliciano.
A Gardênia Azul, milícia coordenada por Almir, fica em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, ao lado da Cidade de Deus.
Executores presos
O inquérito que investiga a morte da vereadora Marielle Franco já prendeu os executores do crime: o policial reformado Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz, esse expulso da PM do Rio. Isso aconteceu em 12 de março de 2019.
Segundo as investigações, Lessa atirou, enquanto Élcio dirigia o carro. Outras pessoas, inclusive familiares de Ronnie, também terminaram na cadeia por atrapalhar as apurações ao destruir provas.
As armas usadas na noite de 14 de março de 2018, por exemplo, foram descartadas no mar da Barra da Tijuca, também na Zona Oeste do Rio, a menos de 10 minutos da Gardênia Azul.
Viúva de Adriano citou caso Marielle e milícia do Gardênia Azul
De acordo com reportagem da revista Veja de 17 de julho, Júlia Lotufo, viúva do miliciano Adriano da Nóbrega — morto em fevereiro de 2020 — apontou que a milícia do Gardênia Azul, que seria liderada por Almir, procurou Nóbrega para discutir um plano para assassinar a vereadora Marielle Franco. As declarações de Júlia fariam parte de uma discussão para firmar acordo de delação premiada para relaxar suas medidas de prisão.
Marielle foi morta em 14 de março de 2018 e ainda não há informações sobre os mandantes do crime.
*Com informações da UOL