Um estudo realizado pelo programa de vigilância genômica da covid-19 demonstrou que a variante Delta deve passar o número de casos da variante brasileira Gamma (P.1), se tornando a mais frequente no Estado do Rio. Ela foi identificada em 38 municípios das nove regiões do território Fluminense.
Com base na pesquisa, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que a variante Delta já representa 45% de presença nos casos de coronavírus na Capital, quase a metade. “Aqui no Rio se estima que 45% dos nossos casos sejam com a variante Delta e ela dissemina muito mais rápido, tem uma velocidade de transmissão muito maior que as demais”, explicou o secretário.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) estima que este seja o percentual de todos os casos de coronavírus na cidade pois, segundo a pasta, este foi o resultado da pesquisa ao analisar o total de amostras para a identificação de variantes no município. O estudo ocorre por amostragem, entretanto, um dos critérios de escolha dessas amostras são as que têm maior carga viral, ou seja, de pacientes que podem ter maior gravidade clínica.
O secretário estadual de saúde, Alexandre Chieppe, no entanto, acredita que a análise de Soranz ainda é precipitada. “Do ponto de vista estatístico, a amostra não é representativa para afirmarmos isto”, pontuou em resposta à TV Globo.
Nesta última rodada, 368 amostras foram coletadas entre os meses de junho e julho. De acordo com as análises, a variante Gamma estava presente em 66,58% do material sequenciado e a variante Delta em 26,09%. Já no estudo divulgado no dia 20 de julho, em que 379 amostras foram coletadas no mês anterior, a variante gama era de 78,36% e a Delta, apenas 16,62%.”Dessa forma, é possível afirmar que a variante Delta está em circulação no estado do Rio de Janeiro, com tendência de aumento e conversão para se tornar a mais frequente, substituindo a variante Gamma”, diz a Secretaria Estadual de Saúde.
A análise mostrou ainda a presença de 0,8% da variante Alpha (B.1.1.7). Outras seis variantes (P.1.1, P.1.2, P.1.4, P.1.7, P.4 e P.5) também foram identificadas, mas não são consideradas como de interesse nem de preocupação pela Organização Mundial da Saúde.
O projeto Corona-Ômica-RJ faz parte de uma parceria entre SES, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, Laboratório Central Noel Nutels, Fiocruz e Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. São sequenciadas cerca de 800 amostras de todo o estado por mês.
Desde janeiro, 3.555 amostras foram avaliadas, sendo identificadas as seguintes variantes:
85,9% P.1/Gamma
3,3% P.2/Zeta
5,4% B.1.617.2/Delta
2,9% P.1.2
1,7% B.1.1.33
1,5% B.1.1.7/Alpha
1,0% B.1.1.28
0,5% P.1.1
0% (1 caso) P.5
0% (1 caso) P.4
A partir deste mês, o sequenciamento genômico no estado terá duas etapas. Uma rodada será realizada com 300 amostras de pacientes internados em nove hospitais das nove regiões que fazem parte da Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica. Na rodada seguinte, serão utilizadas amostras aleatórias coletadas na rede ambulatorial, como já vinha sendo feito. O objetivo é monitorar também qual variante tem causado mais internações.
O estudo foi planejado em conjunto com o grupo técnico assessor da SES, que é composto por especialistas da FioCruz, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e UniRio.
A SES disse que vem monitorando o cenário epidemiológico no estado, como número de atendimentos em UPAs, taxa de ocupação de leitos e resultado de testes para confirmação da covid-19. “O sequenciamento do coronavírus não é um exame de rotina nem de diagnóstico, é feito como vigilância genômica, para identificar modificações sofridas pelo vírus SARS-CoV-2 no estado e embasar políticas sanitárias”, destacou a SES.
A Secretaria também salientou que independente da cepa do vírus ou linhagem, as medidas de prevenção e métodos de diagnóstico e tratamento da covid-19 seguem os mesmos, como uso de máscaras e álcool em gel, lavagem das mãos e distanciamento social. “A quarentena de 14 dias é fundamental para qualquer pessoa com sintomas e/ou diagnóstico da doença, qualquer que seja a variante. Além disso, é importante que os municípios continuem avançando no processo de vacinação contra a covid-19”, finalizou.
*Com informações de O Dia