Desde meados de junho, o número de mortes entre idosos com as duas doses da vacina não para de subir no Rio de Janeiro, segundo apontam dados da Secretaria estadual de Saúde (SES).

Na semana epidemiológica 24, de 13 a 19 de junho, foram contabilizadas 42 mortes nesse grupo. Um mês e meio depois, na semana epidemiológica 30, de 25 a 31 de julho, foram 83 mortes, uma alta de 97% em relação ao número anterior.

Num contexto em que a gradativa queda na proteção conferida pelas vacinas contra a Covid-19 nos mais velhos se torna uma preocupação imediata, os números oficiais pintam, aos poucos, um cenário cada vez mais alarmante. No Estado do Rio, a proporção de idosos vacinados com as duas doses do imunizante entre todos os idosos mortos pela Covid-19 mais que quadruplicou em um mês e meio.

Em meados de junho, na semana epidemiológica 24, os imunizados com a injeção de reforço da vacina representaram 7% dos idosos mortos pela doença no estado. Na semana epidemiológica 30, fim de julho, o grupo correspondeu a 30% dos óbitos entre fluminenses com 60 anos ou mais, segundo dados extraídos do sistema de Informações em Saúde da SES, alimentado pelas notificações do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe).

O aumento de mortes entre idosos vacinados não se reflete com a mesma intensidade no número de óbitos entre idosos em geral. Mas esse indicador também aumentou, embora esteja distante dos picos de mortes registrados este ano. Depois de um histórico de queda que se mantinha desde a primeira semana de maio, quando foram registradas 1.326 mortes, ele voltou a subir na última semana de julho, que teve 281 ocorrências.

A nova escalada da pandemia confirma previsões de cientistas da Fiocruz, que projetaram, no início do mês, um aumento drástico de hospitalizações e mortes por Covid-19 no Rio de Janeiro, sobretudo entre idosos. O pesquisador Leonardo Bastos, um dos realizadores das análises, atribui a nova situação epidemiológica aos elevados níveis de transmissão da doença no estado, que se mantiveram estáveis nos últimos meses.

O cenário se torna particularmente perigoso diante da chegada de uma cepa mais contagiosa, como a Delta. Ainda na avaliação de Bastos, os números reforçam a necessidade da terceira dose da vacina em idosos, mas a imunização não é a única chave para a prevenção de uma tragédia.

Aposta na vacina

Diante do novo cenário, a cidade do Rio, que enfrenta o maior pico de casos confirmados de Covid-19 de 2021, parece apostar todas as fichas na vacina. Apesar da incerteza do envio de doses por parte do Ministério da Saúde, começa no mês que vem a aplicação da terceira dose da vacina em idosos, naturalmente mais vulneráveis e mais suscetíveis à perda de proteção imunológica, conforme anunciou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, nesta segunda-feira.

Por outro lado, os gestores resistem a tomar uma atitude que, segundo especialistas, pode ajudar a salvar vidas: o controle do contágio por meio de restrições. 

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