A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) apresentou, nesta terça-feira (31/08), relatório das condições sanitárias das escolas públicas estaduais, para o retorno das atividades no segundo semestre. O grupo identificou, durante vistorias, que uma a cada quatro escolas tem problemas com ventilação nas salas de aula; 40% das unidades escolares têm duas entradas, porém só 12% estão com as duas portarias funcionando e há falta de profissionais de limpeza para manter os protocolos de higienização necessários nos colégios.

“As vistorias foram feitas com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) nos últimos meses. Enviamos esse relatório para o Executivo há 20 dias. Vamos cobrar melhorias para que a segurança dos alunos e dos profissionais da rede seja preservada e vamos continuar vistoriando as unidades. Antecipo que até o final do ano não temos condição de ter nenhuma turma com sua lotação 100% garantida”, frisou o presidente da comissão, deputado Flávio Serafini (PSol). Os deputados Waldeck Carneiro (PT) e Sérgio Fernandes (PDT) estiveram presentes na reunião e pontuaram que vão participar das próximas visitas.

A subsecretária da Seeduc Joilza Rangel considerou pertinentes as visitas da comissão e antecipou que o Executivo já está se programando para garantir um retorno seguro. “Existem algumas ações que já estamos tomando, entre elas, dando mais autonomia aos professores nas atividades em sala de aula e trabalhando para resgatar o vínculo dos alunos com a escola”, afirmou Joilza. Ela ainda pontuou que o secretário de Educação está há dois meses na pasta, mas tem trabalhado para criar novos protocolos sanitários que devem ser emitidos mais a frente.

Problemas identificados

Segundo o relatório, a entrada dos alunos na escola precisa melhorar. “Mais da metade das escolas estaduais não tem dois portões para organizar a entrada dos alunos, e as que têm não estão com ambos os portões funcionando por falta de porteiros. O controle de fluxo é algo muito importante. Além da aferição de temperatura e utilização de máscaras que o porteiro precisa fazer, não podemos ter aglomeração nesse espaço. É muito importante a rigidez na entrada das escolas e isso precisa ser aperfeiçoado”, pontuou Serafini, que lembrou ainda que a maioria das escolas tiveram perdas de porteiros pela Covid.

A falta de ventilação nas salas de aula também foi um problema destacado no documento. “Apesar de 87% das escolas terem janelas, muitas estão com problemas e não funcionam. Recebemos, por exemplo, a informação de uma escola em Rio Bonito, na região Metropolitana, que só um lado da unidade tem janela. Só aí já notamos mais um problema: a redução das turmas por falta de estrutura”, considerou. O presidente da comissão ainda disse que na sala dos professores o problema é mais grave e solicitou da Seeduc uma projeção de abertura de novas escolas.

Como ponto positivo, a comissão destacou que a maioria das unidades estão com o wi-fi funcionando, possibilitando aulas interativas. No entanto, apesar da pandemia ter acelerado o avanço tecnológico, ela passou a exigir uma higienização mais detalhada dos espaços. “Precisamos aumentar o número de profissionais de limpeza nas escolas. Atualmente, temos escolas grandes com cinco funcionários para exercer essa função. Com o número atual de alunos é impossível garantir a higienização das salas com as trocas de turnos. É preciso recompor”, concluiu Serafini.

O diretor geral da Associação de Diretores de Escolas Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Aderj), José Carlos Madureira, lembrou que a pandemia ainda não terminou e que o Rio é epicentro da variante Delta. “Não podemos fingir que as pessoas não estão em uma situação perigosa. Perdemos dois diretores semana passada, mesmo vacinados. As escolas receberam recursos para comprar insumos, mas precisamos observar com essa variante quais são as medidas que precisamos tomar para evitar o efeito contaminação agora. Já tenho quatro professores da rede privada, que também dão aula na rede estadual, e que estão na quarentena. O estado precisa exigir que todos os funcionários tenham que se vacinar”, concluiu.

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