Sem perceber que seu microfone estava ligado, o deputado federal Igor Timo (Podemos-MG) xingou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), durante sessão do plenário que votava destaques do novo Código Eleitoral na madrugada desta quinta-feira. Lira estava prestes a encerrar a votação quando foi interrompido pela fala do parlamentar.
“Já tá encerrando. Não vai deixar eu falar de novo. Quer ver que filho da p…”, disse o deputado, que não notou o microfone ligado.”
Ao perceber a gafe, Lira questionou quem havia se manifestado e passou a palavra ao parlamentar, que tentou minimizar o constrangimento com elogios ao presidente da Câmara e à relatora do novo Código Eleitoral, Margarete Coelho (PP-PI).
“Eu gostaria de aproveitar a oportunidade, presidente, para parabenizar a deputada Margarete pelo belíssimo trabalho, que demonstra ser a qualidade da mulher brasileira, mostrando que o lugar de mulher é onde ela quiser”, afirmou o deputado do Podemos. ” E parabenizá-lo, presidente, também por permitir que o debate se exaurisse, garantindo que todas as partes fossem ouvidas e atendidas”, concluiu.
Após seguidos adiamentos de votação do Código Eleitoral, deputados aprovaram por 273 votos a favor, 211 contrários e três abstenções, a inclusão de uma quarentena para magistrados, procuradores, policiais e militares que desejam disputar as eleições. Os parlamentares resolveram incorporar novamente o mecanismo ao texto, que havia sido descartado num primeiro momento de votação, na semana passada. O prazo obrigatório para o afastamento será de no mínimo quatro anos.
A quarentena, que passará a valer a partir de 2026, havia sido retirada do texto numa primeira fase de análise dos chamados destaques, que são as emendas que podem modificar o mérito do texto. Na ocasião, o trecho do Código foi suprimido por uma diferença de apenas três votos.
Com 898 artigos, o Código Eleitoral traz novas regras que diminuem a transparência e enfraquecem a fiscalização de partidos. Entre os pontos criticados por especialistas, estão o enfraquecimento da Lei da Ficha Limpa e medidas que afrouxam o controle de gastos do Fundo Partidário. O projeto, que agora segue para o Senado, impõe ainda a censura ao proibir a divulgação de pesquisas eleitorais na véspera e no dia do pleito.