Um post do senador Flávio Bolsonaro (Patriotas/RJ) em suas redes sociais há pouco mais de uma semana fez um pequeno trecho da BR-356, que liga Campos a São João da Barra, trepidar. Segundo o senador, a BR-356 será privatizada e os veículos que trafegarem pelos 47 quilômetros que ligam as duas cidades passarão a pagar pedágio. Você pode conferir a postagem do senador aqui.
O Ministério da Infraestrutura quer privatizar a BR-356 no mesmo pacote da relicitação da BR-101, no trecho entre a Ponte Rio-Niterói e o Espírito Santo. Com isso, o processo pode ser mais célere do que o esperado. A concessionária que administra a BR-101 já externou seu desinteresse no cumprimento do contrato. A relicitação já teria sido aprovada, podendo ocorrer no início de 2022. Isso acontecendo, a empresa que ganhar vai ter que levar no mesmo pacote a BR-356.
O trecho da estrada começa em Campos e termina em Atafona, São João da Barra, com um fluxo médio de mil veículos/dia, sendo que esse número triplica no verão. No meio destas duas cidades está o Complexo no Porto do Açu, o maior empreendimento privado em curso no país, que hoje utiliza essa rodovia com caminhões de grande porte.
O Porto do Açu não comenta pautas de governo, mas mostrou-se favorável à viabilização da já projetada RJ-244 (2), que seria construída a partir da BR-101 em Ibitioca, até o Porto, passando pela Baixada Campista, em trecho de menos de 50 quilômetros. Isso tiraria o trânsito pesado da área urbana de Campos e não comprometeria o fluxo da BR-356 em direção ao complexo portuário.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos (CDL), José Francisco Rodrigues, o assunto tem que ser discutido à exaustão entre todos os atores envolvidos. “Ainda não sabemos detalhes do projeto, mas essas licitações são precedidas de audiências públicas, e certamente os municípios e a sociedade irão opinar”, disse o presidente da CDL.
Prefeitura preocupada com pedágio
A prefeita de São João da Barra, Carla Machado, afirmou que não é possível avaliar os impactos de uma privatização do trecho Campos – São João da Barra da BR-356 sem existir ainda um projeto, mas que a preocupação é em relação à cobrança de pedágio.
“A única informação que tenho é a mesma noticiada pela imprensa: que o senador Flávio Bolsonaro anunciou a contratação, pelo Governo Federal, de estudos prévios para a relicitação do trecho da BR-101 e que o Ministério da Infraestrutura incluirá a BR-356 por conta do crescimento do tráfego até o Porto do Açu. Não há nenhuma outra informação sobre projeto ou sobre prazos. Mas é óbvio que desde já nos preocupamos que a concessão do trecho gere cobrança de pedágio. Muitos sanjoanenses utilizam a rodovia, muitos trabalhadores precisam fazer esse trajeto diariamente. Sem contar o impacto que traria para o turismo”, disse a prefeita.
Ela acrescentou que “melhorar a rodovia é uma necessidade. Tenho há muitos anos lutado pela duplicação da estrada. Já estive em Brasília para levar esta pauta, já me reuni com lideranças empresariais, deputados, com o Dnit. E essa necessidade de melhoria é cada vez maior por conta do crescimento do Porto do Açu. Mas temos que pensar no que pode representar para a população, para os usuários da rodovia”.
E concluiu: “Por enquanto, vamos aguardar uma informação que esteja mais consolidada, com prazos definidos, com um projeto ao menos esboçado”.
Estrada seria duplicada
A reportagem teve acesso ao rascunho de um projeto que começou a ser elaborado pelo Ministério da Infraestrutura neste trecho entre Campos e São João da Barra. Seria a única praça de pedágio apenas no sentido de ida, e seria instalada antes do Porto do Açu. A futura concessionária teria que duplicar a estrada até São João da Barra.
A duplicação implicaria em desapropriações, a maior parte delas em área rural, como terras da usina de Barcelos. A segunda pista a ser construída penderia à margem esquerda da atual, com contornos nos distritos de Barcelos e de Cajueiro, que não sentiriam os efeitos do tráfego.
Trabalhando com a hipótese de um pedágio médio de R$ 8 e com a gasolina na média de R$ 6,50 o litro, uma viagem de ida e volta em um trecho tão pequeno custaria aproximadamente R$ 60, na melhor das hipóteses.