Os efeitos da pandemia na economia atingem em cheio compras tradicionais desta época de fim de ano – dessa vez, com altas que ultrapassam os 100%, segundo o Sindicato de Vestuário do Norte Fluminense (SindVest NF). A informação vem ao encontro de uma pesquisa realizada pela Firjan, que aponta que seis em cada dez indústrias do estado do Rio ainda enfrentam dificuldade na compra de insumos e matérias-primas nacionais.

“Se no Natal passado faltavam algumas cores específicas, hoje há uma escassez generalizada que vai impactar diretamente no preço final. No início da pandemia ainda havia estoque, mas hoje toda a economia está muito desarticulada. E o setor têxtil nacional ainda precisa de produtos importados, como fios, elásticos e pigmentos, mas o mercado externo também não recuperou sua atividade plena”, explicou o vice-presidente da Firjan Norte Fluminense e presidente do SindVest NF, Luiz Damião.

Vice-presidente do SindVest NF, Monalisa Crespo conta que alguns fornecedores estão recusando novos clientes devido à escassez de insumos, o que acaba – ao lado do frete alto – encarecendo o preço final do produto para o consumidor.

“Alguns fornecedores pararam de fabricar em agosto e não atendem mais novos clientes, de modo que a alta nos preços dos insumos já passa de 100%: uma malha que custava R$ 40, hoje está R$ 89. E até as importadoras estão com dificuldade devido ao custo do frete: os contêineres com insumos da China, cujo aluguel custava US$ 1.600, hoje estão a US$ 11.900. Então os clientes vão sentir um pouco dessa alta no Natal e no Ano Novo”, afirmou.

Segundo o estudo “Sondagem Especial de Fornecimento de Insumos e Matérias-primas”, realizado em novembro pela Firjan, 64,7% das indústrias fluminenses relatam que ainda enfrentam dificuldade na compra de insumos e matérias-primas nacionais, mesmo pagando mais caro pelos produtos. No caso dos materiais importados, 73,2% das empresas fluminenses estão sendo impactadas.

“Os dados indicam o quanto os efeitos da pandemia e a alta global de preços ainda permanecem como um grande desafio. Mas a expectativa é de que em 2022, esta situação que se arrasta há dois anos seja, enfim, reequilibrada”, comentou o presidente da Firjan Norte Fluminense, Francisco Roberto de Siqueira.

A expectativa de 60% dos empresários é de que a normalização da oferta ocorra no primeiro semestre de 2022. Aproximadamente 13% dos entrevistados esperam normalização no segundo semestre e, para quase 20%, essa melhora deve acontecer somente em 2023.

“Apesar das dificuldades, notamos que novas empresas estão chegando ao mercado, e há um esforço grande em busca dos fornecedores que melhor se prepararam para este período, já com base na experiência do último fim de ano pandêmico”, concluiu Monalisa.

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