Perícia feita pela Câmara dos Deputados após os danos provocados por manifestantes golpistas estima em ao menos R$ 3 milhões os prejuízos causados ao patrimônio público. O valor inclui mesas de vidro, cadeiras, mais de 400 computadores quebrados, além duas de caminhonetes de Polícia Legislativa.
Os técnicos da Casa ainda devem incluir na conta a restauração de itens históricos, como um vitral do artista plástico Athos Bulcão e uma cadeira projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que foram danificados por vândalos. No Senado, o prejuízo deve superar R$ 4 milhões, sem contar com a restauração das obras de arte. Vândalos chegaram a urinar em uma tapeçaria de Burle Marx.
Obras de arte que foram presenteadas à Casa, como vasos de porcelana chinesa e uma obra de arte feita em ouro e pérolas, que foi dada pelo então primeiro-ministro do Catar em visita ao Brasil, seguem desaparecidas. Outra obra, esta dada pelo presidente da Câmara dos Deputados da Índia ao governo brasileiro, feita de ouro e cravejada por cristais Swarovski, também não foi localizada.
A escultura “a bailarina”, feita em bronze pelo artista plástico Victor Brecheret, em 1920, Victor Brecheret, em 1920, que tinha sido dada como desaparecida, foi encontrada mas quebrada em seu pedestal. O marchand Evandro Carneiro avalia a peça em R$ 300 mil e diz que, por ser de bronze, pode ter um tipo de restauração mais complexa, devido ao material.
Uma poltrona estofada em couro legítimo, projetada por Oscar Niemeyer e Ana Maria Niemeyer, em 1970, sofreu avarias. Um painel esculpido por Athos Bulcão foi atingido por objetos e está danificado. Ainda não se sabe qual será o custo dos reparos dessas obras.
Só em vidraçaria, o prejuízo estimado é de R$ 100 mil. Outros bens danificados também não constam na lista: mesas de vidro do Salão Verde e da liderança do MDB, cadeiras do Colégio de Líderes, cadeiras operacionais das lideranças do PSDB, PT e MDB, além da mesa de telefone do Colégio de Líderes
A Câmara informou, porém, que ainda não foram levantados os custos com mão de obra e material necessários para a limpeza dos ambientes, além de reparos da rede elétrica da plataforma superior do Palácio do Congresso.
No Senado, prejuízo pode alcançar R$ 4 milhões
No Senado, o prejuízo inicialmente estimado pode chegar a R$ 4 milhões. De acordo com a diretora-geral da Casa, Ilana Trombka, será necessário trocar todo o carpete do Salão Azul, que ficou encharcado. Vândalos também urinaram em uma tapeçaria de Burle Marx. Só a troca de vidraças deve superar R$ 1 milhão.
— A gente ainda precisa fazer um diagnóstico minucioso em cada obra de arte que foi danificada, em cada bem cultural, mas um ato de vandalismo numa obra de arte deixa marcas perenes. Por melhor que seja o processo de restauração de uma obra, as marcas da agressão serão eternas — lamentou.
A diretora explicou que é impossível cravar o prazo para que a restauração seja concluída, mas informou que a direção vai dar prioridade a obras visando à posse dos novos senadores, marcada para o dia 1º de fevereiro.
STF ainda não contabilizou prejuízos
Sede mais atingida pela atuação dos golpistas, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não contabilizou o prejuízo gerado pela ação terrorista. Segundo a assessoria da Corte, somente após a perícia, técnicos poderão fazer um levantamento do dano ao prédio. A perícia deve ser concluída ainda nesta terça-feira. A expectativa é que o primeiro balanço dos prejuízos seja concluído até sexta-feira.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República ainda não informou os custos gerados pela depredação do Palácio do Planalto. Inicialmente, a Secom divulgou apenas uma lista prévia de obras de arte danificadas, contabilizando mais de R$ 10 milhões.
Fonte: Extra