Em Campos, os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em todo o ano de 2023, contabilizaram 905 mulheres vítimas de lesão corporal. A maioria desses casos, as mulheres conheciam e tinham ou tiveram uma relação com os autores. Cerca de 27,2% das agressões foram causas pelo atual companheiro, sendo 358 casos e outros 15,8% foram registrados pelo ex companheiro da vítima, sendo 208 casos. Do todas de registros contabilizados pelo ISP, as agressões mais frequentes aconteceram com as vítimas de 30 a 59 anos.
No município, os casos são investigados pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). Os dados apontam que no primeiro semestre do ano passado foram registrados 1393 atendimentos à mulher, se comparado ao mesmo período, neste ano foram somados 1637, tendo um aumento de 244 no número de atendimentos.
Cerca de 736 milhões de mulheres são agredidas ao longo da vida de forma física ou sexual por seu companheiro, ou violência sexual por parte de um homem seja ele ex parceiro, conhecido ou familiar da mulher, este é um dado divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sobre a violência contra mulheres registradas no país.
Este é um número alarmante e que só tem aumentado com o passar dos anos. Os dados só confirmam o fato de que a violência doméstica contra o gênero feminino tem aumentado e muito. Além disso, cabe destacar que grande parte dessas agressões são por parte do atual ou do ex companheiro das mulheres.
Diariamente vemos os registros do aumento dos casos de violência contra mulheres, seja ela de todo tipo, sendo lesão corporal, estupro, assédio e até a agressão verbal. E muitos dessas agressões começam cada vez mais cedo, ainda segundo a OMS, uma a cada mulher na faixa etária de 15 a 24 anos já sofreram algum tipo de violência e em sua maioria, os autores foram seus próprios companheiros.
A delegada titular da Deam Campos, Juliana Oliveira, explica que a violência doméstica contra a mulher não é caracterizada apenas pela agressão física, outros crimes também englobam a violência doméstica.
“É muito importante que a gente fale que quando a gente fala de violência doméstica a gente não está se referindo tão somente à agressão física, à lesão corporal, existem outros crimes que caracterizam também a violência doméstica e que se enquadram na lei 11.340 que é a lei que trata da Maria da Penha. Então, assim, casos de injúria, casos de ameaça, perseguição, violência psicológica, todos esses crimes, desde que aconteça no âmbito familiar, caracterizam também a violência doméstica”, disse a delegada.
Diante de estatísticas e números cada vez mais altos, pode-se dizer que as violências domésticas é de longe a mais frequente e comum contra mulheres e atingem milhões de pessoas todo o mundo.
Fica a cargo das delegacias intensificar as investigações e resultado disso são as prisões realizadas pelos policiais. Em Campos diariamente vemos registros de novas prisões de autores de violência domésticas que são realizadas no município. No primeiro semestre de 2023, foram somadas 22 prisões, já em 2024, no mesmo período foram 78, representando um crescimento exponencial de ações policiais na repressão desses crimes.
Para Juliana Oliveira, a intensificação nas investigações são alguns dos fundamentos que ajudam a uma resolução das violências domésticas.
“A gente tem intensificado as investigações contra os crimes que caracterizam violência doméstica, tem aumentado, tem tentado aumentar o número de prisões de forma a dar uma resposta mais rápida às vítimas que vem sofrendo violência doméstica e também tem tentado acelerar as investigações, ouvir todas as pessoas envolvidas, colher os elementos de prova para a gente poder remeter esse procedimento ao Ministério Público o quanto antes, a fim de evitar novas agressões, novas ameaças, novas ofensas”, destaca a delegada.
A delegada titular ressalta a importância de se procurar ajuda de autoridades policiais e da apuração nos casos.
“Cabe ressaltar que nesses casos, a palavra da vítima tem uma relevância muito importante, porque são crimes que são praticados, em regra, sem a presença de testemunhas presenciais, mas também é muito importante salientar que a nós buscamos investigar e apurar todos os fatos apresentados, para que assim possamos realizar as prisões. Tudo isso é levado em consideração e a Delegacia da Mulher tem buscado dar essa resposta cada vez mais célebre com o objetivo de dar mais segurança para aquela vítima que vem sendo vítima de violência doméstica e evitar que novos crimes dessa natureza voltem a acontecer”, finalizou Juliana Oliveira.
Embora, muitos dos registros de agressões, em sua maioria, evoluem para casos graves, uma coisa é unanime para as autoridades policiais, quando se trata deste assunto, a denúncia é um fundamento principal. Em meio a tantos registros de casos de violência doméstica contra mulheres, as denúncias ajudam a evitar que os casos cresçam e que cessem pelos próximos anos.
Fonte: Folha 1