Nesta quinta-feira (08/08), a Arena Carioca 1, na Barra da Tijuca, recebeu uma importante iniciativa para o combate e prevenção à pedofilia, ao abuso e a exploração sexual infantil, o lançamento oficial do programa “Nota Zero para o Abuso”, promovido pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc), em parceria com o Instituo Anjos – Maura de Oliveira, para capacitação contra tais crimes.
A ação teve como objetivo reunir servidores da Educação para falar desse tema tão sensível e importante para a sociedade. O projeto já capacitou 300 alunos do Curso Normal, modalidade que forma professores para a educação infantil, tido como fundamental para identificar casos já nos primeiros anos, além de ensinar a prevenção.
A madrinha do programa e primeira-dama do Estado, Analine Castro, esteve presente na cerimônia ao lado da secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto e de outras autoridades da sociedade civil e do poder público para falar da importância desta iniciativa.
— Essa é uma oportunidade na qual devemos estar unidos, afinal, a educação é o início de tudo. Precisamos muito dos novos professores para proteger e garantir os direitos das crianças. O cuidado deles salvará muitas vidas, garantindo assim o direito de brincar e de crescer com dignidade — afirmou a primeira dama.
A professora Roberta Barreto destacou a importância da comunidade escolar estar envolvida com a questão.
— A Maura está aqui pessoalmente para mostrar que é possível combater essa violência. Nós, como educadores, temos este dever de cuidar daquilo que é mais importante para todos nós, a infância. Não podemos deixar que roubem nossas crianças. Muitos alunos já sofreram com isso e precisamos tratar desse tema. É obrigação da escola formar cidadãos de bem, uma juventude mais sadia e mais lúcida – afirmou a secretária.
O “Nota Zero para o Abuso” prevê também a capacitação de 4.500 diretores e equipes técnicas de escolas estaduais do Estado do Rio de Janeiro, atendendo os 92 municípios fluminenses, os 96 Institutos de Educação e capacitando mais de 5 mil alunos da 3ª série do Ensino Médio do Magistério, que serão os novos professores e multiplicadores da proteção às crianças e adolescentes, como afirma a aluna da 3ª série Nayra Eloáh.
— O treinamento foi muito necessário, uma vez que iremos trabalhar com crianças. Acho que na minha carreira isso vai agregar bastante, já que muitas crianças sofrem caladas e com os sinais que aprendemos a identificar vamos poder ajudá-las — disse a estudante.
Após ter sido vítima em sua infância, Maura de Oliveira fez da luta contra esse crime uma missão de vida. Ela é escritora, educadora e palestrante, possui chancela da Organização das Nações Unidas e Menção Honrosa da ex-primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, e é idealizadora do Instituto Anjos, que busca informar e educar sobre o tema, identificar vítimas e prevenir novos casos. Ela também dá nome a Lei Estadual 9.234/21, sancionada em 2021 pelo governador Cláudio Castro, que trata do Combate e Prevenção à Pedofilia, à Cyberpedofilia e ao Abuso e Exploração Sexual.
— O Estado do Rio de Janeiro torna-se precursor de um movimento que envolve a base da nossa sociedade, a educação. Queremos alcançar o novo professor que, após formado, estará em sala de aula com um olhar diferenciado, notando os sinais de comunicação silenciosa de algo que pode estar acontecendo com a criança, um verdadeiro pedido de socorro. É ensinando de forma lúdica e pedagógica que vamos formar adultos emocionalmente saudáveis e comprometidos com a proteção infantil. A Secretaria de Educação é o pilar da infância e com essa iniciativa já podemos enxergar que há chances de resolver esse problema que não apenas abateu a minha história, mas o faz diariamente com milhares de crianças — afirma Maura de Oliveira.
Centenas de milhares de crianças e adolescentes são exploradas sexualmente por ano no Brasil, que ocupa o 2° lugar no ranking mundial dessa violência; além disso, o país também possui cerca de 50 mil crianças roubadas anualmente, com destinos dos mais perversos e cruéis. A cada 1 hora, 4 meninas são abusadas, sendo elas as preferidas em 82% dos casos contra 18% de meninos. Ao todo, uma criança é abusada a cada oito minutos. Maura afirmou ainda que 3 a cada 4 meninas podem sofrer algum tipo de abuso sexual na infância.
Diante de tantos dados alarmantes, a Secretaria de Estado de Educação vê tal parceria como indispensável para a formação de novos professores que serão os primeiros profissionais a tratar do tema já na Educação Infantil, contribuindo assim para a prevenção, a redução desses crimes e o cuidado com a vítima já nos primeiros anos de vida.
Fonte: ASCOM
