A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê expansão da economia brasileira de 2,4% em 2025, segundo estimativa do relatório Economia Brasileira 2024-2025, divulgado nesta terça-feira (17/12), na sede da CNI, em Brasília.
Para 2024, a CNI subiu para 3,5% a expectativa de alta do PIB, mais do que o dobro em relação à estimativa anunciada no fim do ano passado e a mesma projeção do governo Lula (PT).
Segundo a CNI, os fatores que impulsionaram o crescimento da economia em 2024 também vão influenciar o ritmo da atividade no ano que vem, embora com menos intensidade. O consumo, por exemplo, deve crescer 2,4% em 2025, quase metade do previsto para este ano. Os investimentos, por sua vez, tendem a subir 2,6%, ante os 7,3% em 2024.
No fim de 2023, a CNI previa alta de 1,7% da atividade econômica para este ano. Entre os indicadores que contribuíram para o resultado classificado pela entidade como “surpreendente” estão o desempenho positivo do mercado de trabalho, que deve superar 1,5 milhão de novas vagas formais; a expansão fiscal; e o aumento significativo das concessões de crédito, que tende a ser 10% maior do que em 2023.
Esses fatores impulsionaram o consumo, cuja alta prevista para 2024 é de 4,6%; e os investimentos, que devem subir 7,3%, com destaque para a compra de máquinas e equipamentos. Caso as projeções da CNI se concretizem, a taxa de investimentos vai passar de 16,4% para 17,3%.
Alta da Selic influencia
A retomada do ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central (BC) é um dos principais fatores para a desaceleração do crescimento, apesar de não ser o único. Na quarta-feira da semana passada (11/12), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a Selic para 12,25% ao ano.
CNI diz que Copom comete “erro” ao aumentar Selic para 12,25%
“A alta dos juros deve conter o consumo e os investimentos, devido à menor concessão de crédito; mas há outros fatores, como a evolução mais lenta do mercado de trabalho, depois de três anos bastante positivos; e a redução do impulso fiscal, ou seja, as compras dos governos federal, estaduais e municipais”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A CNI acredita que o Banco Central vai manter o ciclo de aperto monetário pelo menos até a metade do ano que vem, com redução a partir do segundo semestre.
Projeta-se que a taxa Selic vai fechar 2025 em 12,75%, meio ponto percentual acima do patamar ao fim de 2024. Nesse cenário, as concessões de crédito devem crescer 7,1%, menos do que em 2023.
Para o ano que vem, a CNI calcula que a inflação vai baixar para 4,2%, desacelerando frente a 2024. Esse movimento é explicado pelo menor crescimento do PIB, ritmo mais lento do mercado de trabalho, intensificação do aperto monetário, redução do impulso fiscal e menor pressão sobre o preço dos alimentos e da energia
Crescimento da indústria
Segundo a CNI, a indústria deve crescer 3,3% este ano. A exemplo do PIB, a indústria de transformação deve subir 3,5%. Os serviços, por sua vez, devem crescer 3,7%.
A alta do PIB só não será maior por causa da agropecuária, setor que deve recuar 2,7% devido a quebras em safras de grãos, principalmente por causa de fatores climáticos, como excesso de chuvas ou estiagem.
Apesar do câmbio desfavorável, as importações devem registrar alta de 10,6% em 2024, na comparação com o ano passado, projeta a CNI. O resultado contrasta com a perspectiva de crescimento de apenas 0,8% nas exportações, o que vai diminuir o saldo da balança comercial brasileira.
Já para 2025, devido à redução do crescimento da demanda interna, o documento mostra que a indústria deve crescer 2,1%. A indústria de transformação tende a subir 2%. Se a expectativa se confirmar, serão dois anos consecutivos de alta do setor, o que não ocorre desde o biênio 2017-2018.
Já os serviços devem aumentar 1,9%, enquanto a agropecuária deve se recuperar da queda prevista para 2024,
crescendo 4,2% no ano que vem.
No que diz respeito ao setor externo, as importações devem seguir em alta em 2025, mas em ritmo bem mais lento ao de 2024, prevê a CNI, sobretudo pela desvalorização do real e crescimento menor do PIB. As exportações devem melhorar, entre outras coisas, por causa da recuperação da agropecuária.
Fonte: Metrópoles