Ao contrário do que ocorreu há dois anos, a eleição para a nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) deve ser pacífica. O pleito, que está previsto para o dia 3 de fevereiro, deve selar a reeleição do atual presidente do Legislativo, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União). Ele deve abrir mão da primeira vice-presidência, que está com seu partido, para aceitar um nome indicado pelo PL.
As movimentações partidárias indicam que Bacellar será candidato único. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, não obteve êxito em sua tentativa de montar uma chapa de oposição e seu partido, o PSD, liberou seus deputados estaduais para votarem na chapa liderada por Rodrigo Bacellar na eleição da Mesa Diretora. Para concorrer é necessário que se apresente uma chapa com mais 12 nomes.
Em outubro, após as eleições municipais, Paes chegou a sondar líderes do PL, PP e MDB para organizar uma chapa de oposição. O prefeito do Rio fez acenos ao governador, afirmando em entrevista ao canal GloboNews que Castro “precisa dar um basta nessa interferência da Alerj, ou de personagens da Alerj, no governo dele. Precisa governar. Eu acho que dá para ele governar com uma parte da oposição, para não se juntar a ameaças, extorsões”. A troca de farpas seguiu no plenário da Alerj, quando Bacellar classificou a acusação como “muito grave”.
Outro partido que declarou apoio à candidatura de Rodrigo Bacellar à reeleição foi o Progressistas. O posicionamento foi divulgado pelo presidente estadual do partido, o deputado federal Dr. Luizinho. Ele esteve nesta terça-feira (21) na Alerj, acompanhado pelos deputados estaduais Dionísio Lins, Pedro Ricardo, Carlinhos BNH, o secretário estadual de Turismo Gustavo Tutuca e o deputado federal Bebeto.
Com a eleição próxima, acordos estão sendo costurados para evitar os atritos do último pleito. Em 2023, Rodrigo Bacellar era o candidato do PL e apoiado pelo governador Cláudio Castro. No entanto, uma ala dissidente do partido capitaneada pelo presidente estadual Altineu Côrtes apoiou a candidatura do deputado Jair Bittencourt. Na ocasião, a Justiça determinou que o voto fosse secreto e Jair Bittencourt acabou retirando sua candidatura. Bacellar foi eleito com 56 dos 70 votos.
Em contato com a equipe de reportagem, o deputado estadual Rodrigo Bacellar informou que não vai comentar sua candidatura à reeleição.
A primeira vice-presidência da Alerj é ainda mais estratégica devido à possibilidade de Rodrigo Bacellar receber indicação para ser conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). O Tribunal abrirá uma cadeira em maio, quando o conselheiro José Maurício Nolasco completa 75 anos e será obrigado por lei a se aposentar. Caberá a Castro apresentar o substituto, que passa ainda por votação na Alerj antes de ser empossado.
— Eu não sou candidato a governador. Todo mundo sabe disso aqui. Eu nunca falei isso para vocês. Carinhosamente eu sempre pedi a todos vocês: se tiver uma vaga de conselheiro (do Tribunal de Contas do Estado) eu gostaria de disputar. Gostaria muito de ter o apoio de vocês — disse Bacellar, em outubro.
Fonte: Folha 1