Gutemberg Xavier Alves foi condenado em júri popular a 21 anos e 11 meses de reclusão por matar a ex-companheira, Franciane Moizes Pedro, de 27 anos, em Miracema, no Noroeste do estado do Rio. O crime aconteceu em 2019. O julgamento ocorreu nesta terça-feira (19). Segundo as investigações do delegado Gesner César Bruno, o acusado ainda esquartejou e queimou partes do corpo da vítima. O ex-companheiro está preso desde março de 2020.
De acordo com a polícia, um rapaz que tem transtornos mentais foi enganado pelo acusado para transportar uma sacola com partes dos restos mortais da vítima e escondê-los em uma área de mata. Ele foi condenado por ocultação de cadáver a 1 ano e seis meses em regime aberto. Ele pensou que carregava um cachorro morto, foi o que apontou a investigação.
O casal estava junto há dois anos. Franciane morava em Santo Antônio de Pádua, cidade vizinha do crime. Seis meses antes do crime, ela foi morar com o companheiro. A vítima deixou 4 filhos de relacionamentos anteriores.
Durante o inquérito policial, o delegado Gesner César Bruno concluiu que o Gutemberg, depois de assassinar Franciane retirou o corpo de área cimentada no quintal de casa, cortou em partes e ateou fogo em algumas. Depois colocou em sacolas plásticas e enterrou em área rural na cidade de Palma (MG), que faz divisa com Miracema.
Câmera registra saída com parte do corpo
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Homem com transtorno mental é enganado e carrega sacola com corpo de vítima de feminicídio
Imagens de câmeras de segurança divulgadas pela Polícia Civil mostram o acusado saindo do portão da casa onde morava com a vítima, acompanhado do homem que tem transtornos mentais e está carregando uma sacola azul. As imagens mostram os dois entrando em uma garagem.
Família aliviada com condenação
Em entrevista à Inter TV, a irmã gêmea da vítima, Francine Moisés Pedro, disse que agora a justiça foi feita. “Nada traz minha irmã de volta. Quase seis anos que parecem uma eternidade. Muito sofrimento para a família, muita espera. Mas ele tem que pagar pelo crime que cometeu. Vinte e um anos de condenação é pouco para o crime que ele cometeu, mas o importante é que a justiça foi feita. Em nossos corações ficam a saudade, as lembranças, o aperto no coração e o desejo de que minha irmã descanse em paz. Obrigada a todos pelas palavras de carinho e conforto”, falou Francine.
Já Glauciane Pedro, outra irmã da vítima, ao g1, acrescentou que Franciane era muito alegre e que acabou tendo a vida retirada com brutalidade e muita covardia. “Ninguém perto da minha irmã ficava triste. Ele só está pagando a maldade que fez. Porque se colhe a maldade que se planta. Não adianta. É assim na vida. Foi pouca a condenação, mas nada traz a Franciane de volta. Nem 50 nem 100 anos de condenação trariam minha irmã de volta. Mas a justiça foi feita, então, o resultado veio. Como cristã, eu libero o perdão, não por ele, mas para eu seguir em frente”, comentou Glauciane.
Nota da defesa – Os advogados de defesa de Gutemberg, em nota, disseram que “apesar da demora superior a cinco anos desde a prisão do acusado, o julgamento transcorreu em conformidade com o devido processo legal, garantido aos jurados plena liberdade para decidir com base na íntima convicção. No momento, a defesa está analisando a sentença proferida pelo juiz para avaliar a viabilidade de interposição de recurso de apelação. Reiteramos nosso compromisso com a defesa dos direitos fundamentais e com a busca pela Justiça”, cita a nota da defesa técnica de Gutenberg.
Relembre o caso
De acordo com a polícia, Franciane foi morta em setembro de 2019. Porém, a família só denunciou o desaparecimento da vítima na 137ª Delegacia de Polícia (DP) no início do mês de outubro. O pai dela notou a falta de contato, que não era normal, e, sem uma resposta convincente de Gutenberg, pediu ajuda da polícia para localizá-la. Na ocasião, o companheiro de Franciane foi ouvido e teve o carro examinado pela perícia. A polícia diz que a ação foi o que motivou o homem a desenterrar o corpo do quintal de casa e levá-lo para outro local.Logo após prestar depoimento, a polícia chegou a fazer escavações no quintal da residência onde o casal morava.
De acordo com o delegado, na época foram encontrados um pano com marcas de sangue e mau cheiro, além de um fio de aplique de cabelo a 1,20 de profundidade. O material foi encaminhado para a perícia. Durante a escavação, o delegado afirmou que o homem não estava no local e que a ação dos policiais foi acompanhada pelos advogados de Gutemberg.