“Acabou o esculacho, é só uma questão de tempo para nós dominar o estado.(…) Fortaleza, Ceará. Essa é a Tropa do Lampião”(sic). O funk aparece em um vídeo, que foi gravado no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Nas imagens, um traficante exibe as iniciais do Comando Vermelho, no chão, feitas com granadas. Ao lado delas estão pelo menos dez pistolas e cinco fuzis.

Os criminosos, de acordo com investigações, integram células da facção oriundas de outros estados que passaram a migrar para o Rio de Janeiro e se escondem, principalmente, em favelas cariocas. A tropa do Lampião é uma unidade do Comando Vermelho oriunda do Ceará e faz referência ao cangaceiro Virgulino da Silva (1898-1938), líder banditista, que também era visto como herói popular.

“Percebemos o seguinte: quando o criminoso passa a ser muito visado em algum estado, ele vem passar uma temporada aqui no Rio de Janeiro”, disse Rodrigo Oliveira, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil. Ele estima que cerca de 100 criminosos de outros estados estejam escondidos, atualmente, no Rio.

A polícia já identificou lideranças da Bahia, Amazonas, Pará, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Norte escondidas nos Complexos da Penha, Alemão, Maré, Manguinhos, Salgueiro, além da Rocinha. Todas as polícias desses estados estão em contato com a Secretaria de Polícia Civil do Rio; há intercâmbio de informações para prender esses traficantes.

Há a suspeita, por exemplo, de que os ataques em sete cidades do Amazonas, ocorridos por três dias seguidos, no início do mês, tenham participação de criminosos que estejam escondidos no Rio. “Eles continuam com o poder de influência, gerenciando o crime do estado de origem. A gente tem algumas informações, que estão sendo apuradas, que vieram da Polícia Civil do Amazonas, que dão conta da possibilidade de algumas dessas pessoas (que deram ordens para os ataques) estarem no Rio de Janeiro. Alguns levantamentos estão sendo feitos, e é aquela velha máxima: inteligência, investigação e ação. E vamos operar onde quer que seja”, disse Oliveira.

O secretário de Polícia Civil, Allan Tunowski, definiu a migração como ‘turismo’ do crime. “O que nos preocupa é que o Rio de Janeiro sempre foi um lugar temido, com histórico de grandes prisões. Todos os líderes de facções são presos. Agora, com a dificuldade de operação, seja pelas restrições (do STF), ou do pós-operação (críticas), os criminosos estão se sentindo seguros para virem ao Rio de Janeiro para fazer uma espécie de turismo. Isso não será tolerado”, disse.

Com informações de O Dia.

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