Após o terror levado à Zona Oeste do Rio com 35 ônibus e um trem incendiados em retaliação pela morte de Matheus da Silva Rezende, vulgo ‘Faustão’, sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, o ‘Zinho’, o governador Cláudio Castro pediu rigidez em relação à legislação para o crime de terrorismo.
“Outra frente importante que eu começo a capitanear a partir de amanhã é o pedido para que a gente endureça a legislação federal. Crime de terrorismo não pode ter progressão de pena, a pena tem que ser 30 anos, em regime fechado, sem progressão. Utilização de arma de guerra, a mesma coisa. Operar serviço público para tráfico e milícia também tem que ser 30 anos sem progressão”, afirmou. Atualmente, a lei prevê de 12 a 30 anos de reclusão, com a possibilidade de regime semiaberto.
Na quarta-feira (25), o governador do RJ vai à Brasília encontrar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para discutir a possibilidade de penas mais severas para este crime. “Ou gente endurece a legislação como outros locais no mundo fizeram ou a gente vai ter essa mistura de México com Colômbia, que ‘tá’ virando o Brasil na área da segurança pública”, disse Castro em coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) do estado.
Castro afirmou que seis dos 12 detidos durante os ataques na Zona Oeste do Rio, na segunda-feira (23), serão indiciados pelo crime de terrorismo. “Em seguida, vai ao Ministério Público para que eles façam o processo de denúncia. Mas por parte da Polícia Civil, qualquer coisa nesse sentido, será encarado como terrorismo. A gente tem que botar os ‘pingos nos is’ e falar a verdade, e a verdade é que isso é terrorismo e é assim que vai ser encarado pelo estado”, ressaltou Castro.
Outros seis foram soltos por falta de indícios de envolvimento. “As investigações e monitoramento dessas pessoas continuam. Elas foram soltas porque também a gente não vai ficar fazendo número se não há indício. A Polícia Civil agiu dentro da técnica, manteve seis e seis foram liberados”, disse.
Foi a morte de Matheus que desencadeou os ataques na Zona Oeste, nesta segunda-feira (23). O miliciano foi morto em um confronto com policiais civis, durante uma ação do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco).
Foram 35 ônibus, sendo 20 da operação municipal, cinco BRTs e outros 10 de turismo e fretamento, além de um trem da Supervia. A ação dos criminosos afetou, principalmente, os bairros de Santa Cruz, Campo Grande, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra da Tijuca, Tanque e Campinho.
Na manhã desta terça-feira (24), as polícias Civil e Militar realizam uma operação conjunta para impedir que novos veículos sejam queimados e que a população consiga sair de casa para trabalhar. “A gente continua em estágio máximo de alerta. Minha orientação é para que toda a força de segurança do Rio esteja nas ruas, viaturas, blindados, helicópteros e drones, tanto da Polícia Civil quanto Militar. Assim vai ser nossa postura para garantir que esteja tudo estabilizado e que o cidadão tenha o direito de ir e vir preservado”, afirmou Castro.
O município chegou a ficar em estágio de atenção e retornou ao de normalidade às 8h45 desta terça (24). Não há registros de novos ataques e o policiamento está reforçado.