A Operação Muditia, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público de São Paulo, encontrou R$ 3,5 milhões em cheques, R$ 600 mil em espécie e 8,7 mil dólares nos 42 endereços alvo de busca e apreensão em cidades do estado nesta terça-feira.

A ação, que contou com parceria com a Polícia Militar, visa desarticular um grupo criminoso ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) suspeito de fraudar licitações em todo o estado. Dos 15 mandados de prisão, 13 foram cumpridos. Duas pessoas estão foragidas.

Os policiais também apreenderam quatro armas de fogo, um “número grande” de munições de diversos calibres, 22 celulares, 22 notebooks e outros objetos que deverão ajudar no aprofundamento da investigação. As buscas foram feitas em 11 prédios públicos, incluindo seis Prefeituras e cinco Câmaras Municipais, além de 10 conjuntos comerciais e 21 residências. Não houve buscas na capital.

São investigados principalmente contratos de limpeza e de postos de fiscalização (vigilância em órgãos públicos), de acordo com as autoridades. Um deles, ainda sob análise se teve fraudes, foi firmado com o governo de São Paulo, mas o MP-SP não especificou qual secretaria foi responsável pela contratação.

Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, o promotor de Justiça do Gaeco, Yuri Fisberg, revelou que agentes públicos estavam envolvidos em um esquema de corrupção. Segundo ele, eles recebiam pagamentos para favorecer empresas em contratos com prefeituras e Câmaras Municipais. Os recursos eram pagos tanto em dinheiro quanto por meio de transferências via Pix,

A principal empresa do grupo movimentou mais de R$ 200 milhões em contratos públicos, diz ele. A investigação teve início a partir de uma suspeita de irregularidade em contratos de limpeza com a prefeitura de Guarulhos, em 2023. Mas o MP identificou a atuação comercial das empresas envolvidas no esquema a partir de 2009 e contratos com simulação de competição ao menos nos últimos cinco anos.

— A investigação ainda procede. São algumas empresas investigadas ou em nome de pessoas ligadas ao PCC ou em nome de laranjas, às vezes funcionários de algumas dessas empresas, que concorriam e simulavam competição em licitações de Câmaras e Prefeituras no estado. Basicamente, serviços de prestação de “facilities”, ou seja, mão-de-obra como limpeza e posto de fiscalização — afirmou Fisberg.

Apesar de três vereadores terem sido presos na operação, a confirmação de vínculo com o PCC é das empresas, e não dessas pessoas, segundo o MP.

Fonte: O Globo

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